Os campos nativos e um bioma adaptado para a pecuária estão ajudando o Wagyu criado no Rio Grande do Sul a ser um dos melhores e mais valorizados tipos de carnes do país. O interesse pelos cortes nobres da raça produzidos no estado é muito grande, tanto que um importante "player" do mercado de carne de qualidade, que tem operação em São Paulo, já comprou a produção de um ano inteiro de um produtor gaúcho.
Para produzir e comercializar a carne de Wagyu no Brasil é preciso aderir a regras de rotulagem e a um sistema de rastreabilidade, implementados para garantir a origem do produto. No entanto, também existe uma grande demanda pela carne proveniente do cruzamento com outras raças, mantendo o sabor e o marmoreio diferenciado.
Na Fazenda Invernada Santa Fé, em Júlio de Castilhos, o Wagyu foi cruzado com a raça Angus para melhorar ainda mais o porte do animal e a qualidade da carne. O resultado advindo desse cruzamento - Wagyu com Angus – foi tão positivo que um empresário do setor de carne Premium de São Paulo comprou toda produção da propriedade gaúcha até outubro de 2019. Serão mais de 300 animais ao longo dos 12 meses, todos terminados e abatidos no estado, porém com destino ao mercado do Centro do país.
"O nosso diferencial está no tempo adequado que o gado é criado a pasto e depois confinado para atingir o grau de marmoreio e qualidade desejada pelos consumidores dessa carne nobre", explica o pecuarista e diretor da Fazenda, Marco Andras.
Na Invernada Santa Fé, o Wagyu tem sua recria feita em pastagens de inverno e verão, especialmente com aveia, azevém e tifton. O gado é criado a pasto durante 24 meses e, na fase de terminação, passa aproximadamente 10 a 12 meses em confinamento, onde sua alimentação segue sendo 100% natural, e sem adição de quaisquer componentes que interfiram no sabor da carne. Esse período é decisivo para a carne atingir o grau de marmoreio desejado pelo mercado.
"Antes trabalhávamos apenas com Angus, e então fomos introduzindo o Wagyu. Com o tempo, basicamente todos os animais da fazenda são cruzados com Wagyu, onde temos o meio sangue, dois terços e os 100% puros", comenta, Marco Andras, que também é gerente de marketing da Associação Brasileira de Criadores de Wagyu.
Como o custo de produção do cruzamento pode ser semelhante ao da raça pura, o produtor de Júlio de Castilhos vem intensificando a transição de gado cruzado para o gado puro. Além de valorizar o preço da carne em até 30%, é possível comercializar sêmen, embriões e animais.
“A Invernada Santa Fé está aumentando consideravelmente a produção de animal puro. Nosso objetivo é ter a melhor e mais diversificada linhagem Tajima de Wagyu. Além disso, estamos trabalhando no implante de embriões há mais de um ano e, em breve, devemos ampliar ainda mais o nosso plantel de animais puros”, projeta Marco Andras.