O clima é uma variável incontrolável que afeta a vida no campo e, por vezes, é capaz de causar uma série de problemas para a atividade rural. Produtores de algumas regiões de Mato Grosso do Sul enfrentaram, ainda em dezembro, períodos sem chuvas e com temperaturas elevadas sob forte radiação solar. Nessa época, as lavouras de soja foram prejudicadas na fase de formação de vagens e enchimento dos grãos, que é a etapa que exige maior demanda de água pelas plantas.
De acordo com o professor e meteorologista Natálio Abrahão Filho, da Uniderp, a resposta para esse comportamento do clima está na influência de um El Niño fraco. "Nestas regiões não houve chuvas regulares, elas foram mal distribuídas e ainda em baixo volume. Além disso, foram registradas temperaturas muito elevadas, aproximadamente 3,5 graus acima da média das máximas", explica.
Próximos dias
Apesar da primeira semana de fevereiro ainda iniciar sob forte influência desse El Niño, o meteorologista projeta que o restante do mês deve apresentar maiores volumes de chuva.
"Os prognósticos ainda apontam ausência de chuva no início do mês, no entanto, vem mais volumes de chuva especialmente na segunda semana de fevereiro para as regiões leste, sudeste, sul e central do MS, bem diferente de dezembro e janeiro", destaca o professor.
Contornando dificuldades
Mesmo diante de todas as variáveis do clima, é possível minimizar os impactos na lavoura, acompanhando padrões e mudanças e, assim, coordenar melhor as atividades da fazenda, como: irrigar, estocar e aplicar. Outra forma é investir na qualidade do solo e da semente. "Uma possível solução para resistir aos eventos climáticos, é investir no planejamento da lavoura, em semente de qualidade e preparando o solo", destaca o meteorologista.
Com o objetivo de reduzir os impactos do clima, é interessante adotar tecnologias de sensoriamento e análise de dados que ajudam no planejamento das operações, indicando a necessidade de atuação e o momento ideal para suas execuções.
Por exemplo, por meio delas já é possível ter acesso à previsão do tempo e medir, em tempo real, a umidade e a temperatura relativa do ar, assim como saber com exatidão os estádios em que se encontram as plantas da lavoura. Além disso, é possível monitorar o estresse hídrico e, desse modo, visualizar os talhões que necessitam de mais atenção e, dessa forma, concluir quanto e como fazer a irrigação.
Já é, também, possível comunicar às máquinas sobre as condições do clima e, portanto, sobre qual o melhor momento para executar as operações. Assim, a tomada de decisão é facilitada e acaba se tornando muito mais precisa.
Estratégias importantes
Na Jotabasso, antes de iniciar o ano agrícola, as equipes de produção definem estratégias para minimizar possíveis danos na lavoura, como explica o engenheiro agrônomo e responsável técnico de produção da Jotabasso, Edmar Dantas.
"A equipe de produção se reúne para definir objetivos e estratégias para minimizar danos. Por exemplo, ter mais de uma cultura em campo, soja, milho, braquiária", afirma Dantas.
O especialista da Jotabasso lembra ainda que a tecnologia na gestão da propriedade também deve ser bem definida, optando por cultivares mais produtivas e resistentes, principalmente, sementes com alto vigor e boa genética.
Dantas enfatiza que uma semente de qualidade e diferentes variedades também podem ser cruciais na hora de enfrentar o estresse hídrico. A aposta em recursos como plantio de talhões em diferentes dias e plantio de diferentes variedades para evitar perdas por estiagens ou estresses climáticos, pode ser a garantia de um bom desempenho da lavoura.
"É bom que o produtor já tenha um planejamento nessa parte, de rotação de cultura, de quais culturas vão estar em rotação, a estruturação do solo e com materiais de qualidade na lavoura. Isso tudo vai ajudar no momento de estresse climático", amplia o agrônomo.