Plataforma de tecnologia digital auxilia menores propriedades no rastreamento e valoração da produção
A Agricultura 4.0 é o termo que se baseia na sinergia do campo com ferramentas digitais, é uma realidade que surgiu a partir de 2010 e aos poucos vem ganhando espaço no agronegócio brasileiro. A cada dia, novas possibilidades são oferecidas ao produtor rural, e conta essas inovações para aumentar a quantidade e a qualidade do seu alimento, ao mesmo tempo que reduz seus custos, consequentemente, tornando-o mais competitivo. A Agricultura 4.0 é composta de quatro pilares: gestão baseada em dados, produção a partir de novas ferramentas, sustentabilidade e profissionalização de toda a cadeia de valor.
As novas tecnologias são um caminho sem volta no mundo rural e essa realidade começa a ser descoberta, também, pela agricultura familiar, parte importante na produção nacional de alimentos. A qualidade dos alimentos tornou a Cooperativa Mista de Agricultores Familiares de Itati, Terra de Areia e Três Forquilhas (Coomafitt), no litoral norte gaúcho, referência em frutas, hortaliças, mel e produtos de panificação e derivados de cana-de-açúcar. As 273 famílias associadas produzem mais de 6 mil toneladas de alimentos por ano e, desde 2019, o uso de uma plataforma digital começou a fazer parte da rotina nas propriedades por meio de um aplicativo.
“É bem mais prático do que fazer anotações no caderno de campo, tem mais ferramentas e mais possibilidades”, garante Mateus Rickrot Bresolin, produtor de bananas na localidade de Morro do Chapéu, em Três Forquilhas. Da terceira geração de uma família dedicada à agricultura, há três anos trocou o manejo convencional pelo orgânico na área de sete hectares e foi um dos primeiros associados da cooperativa a utilizar o Caderno de Campo Digital. Focada no pequeno e médio agricultor familiar, o aplicativo é o Caderno de Campo Digital. Nele o agricultor faz, de maneira rápida e fácil, o registro das atividades do dia a dia na sua lavoura, desde o preparo do solo até a colheita, promovendo rastreabilidade desde a origem do alimento até o consumidor final.
O presidente da Coomafitt Bruno Engel Justin, explica que a expectativa inicial com o aplicativo foi de cumprir a exigência de rastreabilidade da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Ministério da Agricultura, mas esta expectativa foi logo superada. “A gente ia atender a legislação, mas vimos outras formas de organizar e melhorar a gestão das propriedades rurais e também a gestão integrada da cooperativa, no sentido de melhorar as informações que a gente tem a respeito da produção e das propriedades, isso é muito importante”. E exemplifica: “Na assistência técnica, quando o técnico vai fazer uma visita ele já tem um histórico da propriedade por meio da plataforma, então ele consegue instruir o agricultor fazendo o acompanhamento permanente nas propriedades. Notamos também que há o envolvimento da juventude, o filho vem junto fazer o treinamento do aplicativo e eles têm mais proximidade com a tecnologia. Isso engaja os jovens e dá empoderamento também dentro das propriedades, já que eles conseguem ficar responsáveis por esse trabalho”.
A Multiplataforma Demetra facilita ações de rotina na propriedade, como racionalizar o uso de insumos e, com isso, o ganho de produtividade. É desenvolvida pela startup gaúcha Elysios, empresa com atuação voltada ao agronegócio que oferece ferramentas de inteligência agrícola. Frederico Apollo Brito, CEO e um dos fundadores da Elysios, explica que os associados da Coomafitt incluídos no programa, agora têm maior controle da procedência e da certificação de origem das frutas e verduras. “Os produtores têm acesso a um aplicativo de controle, acompanhamento e rastreabilidade para todos os cultivos envolvidos. Esta é uma nova fase para agricultura familiar, com tecnologia acessível na mão do agricultor”, garante.
Fundada em 2006, a Coomafitt oferece mais de 80 variedades de alimentos ao consumidor e atua no abastecimento de escolas, dentro do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). “Os hortifrutigranjeiros são o nosso carro-chefe. A banana, muito comum no litoral norte, é o nosso principal produto e, também, o açúcar mascavo, que é muito tradicional em várias agroindústrias da região”, conta Justin. “E agora a gente tem se desafiado no mercado direto, com entregas nas casas dos consumidores”, completa. O serviço de venda online começou em abril, durante a pandemia e vem tendo ótima aceitação, com entrega semanal em Capão da Canoa, Tramandaí, Osório, Imbé, Xangri-lá, Arroio do Sal, Itati, Terra de Areia, Três Forquilhas e ainda em Canoas, na região metropolitana.
Metade dos associados já estão inseridos na plataforma. “A gente pretende ter todos cadastrados e mapeados dentro da cooperativa até o final do ano. E a partir de 2021, vamos passar a cumprir a normativa e fazer um trabalho bem forte de maximização da plataforma”, projeta Justin.
“A plataforma se aplica a todas as variedades e a parceria com a Coomafitt é uma satisfação para a Elysios. Essa região vem se fortalecendo e já se destaca como um cinturão verde, que abastece tanto o maior polo consumidor do estado, que é Porto Alegre, quanto as cidades do litoral norte, onde a concentração populacional está num crescente”, completa Brito.
Texto: AgroUrbano Comunicação
Foto: divulgação Elysios
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