Tecnologia ao alcance da palma da mão ajuda agricultores a enfrentarem variações climáticas e prevenirem doenças
Na fruticultura temperada, o frio durante o período de dormência é positivo, pois esses dependem das baixas temperaturas para produzirem mais flores e frutos de maior calibre. No caso dos parreirais da serra gaúcha, o inverno é ideal, também, para o produtor planejar os trabalhos na propriedade a partir do final de agosto, quando começa a brotação. Práticas de manejo adequadas aliadas à tecnologia, podem resultar em economia de insumos, necessidade de menos aplicações e, consequentemente, maior lucratividade.
Na viticultura, são necessárias pulverizações periódicas durante o período de vegetação para evitar o míldio, que é a principal doença da videira no Brasil. “Toda aplicação tem custo de produto, combustível e até de tempo. Uma boa condição climática é fundamental para uma aplicação correta, é necessário umidade relativa não muito alta, em torno de 60 a 80%, temperatura abaixo de 30 graus e vento fraco, de até 7 km/h. Se o vento for moderado ou forte, vai haver deriva e o produto que deveria ir para a planta vai para o ar ou o chão. Por outro lado, se ela é certeira e sem desperdícios, também será eficiente. Isso possibilita reduzir três ou quatro aplicações até a colheita, de janeiro a março, é um resultado muito bom”, afirma o engenheiro agrônomo e consultor em viticultura, Cristiano Anselmi.
É na localidade de Linha Jansen, em Farroupilha, que o também produtor rural Anselmi tem instalada uma Estação Meteorológica, para garantir pulverizações precisas nos 18 hectares de uva e 3 hectares de pêssego que cultiva. Alimentado com energia fotovoltaica, o sistema conta com sensores distribuídos pelos parreirais e ainda o Caderno de Campo Digital Demetra, tudo desenvolvido pela AgTech gaúcha Elysios. “É a única plataforma que oferece a integração entre o produtor e o seu técnico. Por reunir todas as informações dos cultivos, facilita o planejamento do dia a dia na propriedade e a tomada de decisões, desde indicar o melhor momento de realizar a pulverização, até a identificação de um problema e o momento certo de agir no combate a pragas. Como consultor, eu posso planejar as atividades de qualquer propriedade, mesmo à distância, e o agricultor vai executando no campo. Ou então ele planeja e eu dou o aval, orientando o que pode ou não ser feito. Agiliza muito o nosso trabalho, é um diferencial que a ferramenta da Elysios tem e isso nos deixou entusiasmados”, detalha o profissional.
Os sensores, colocados em locais estratégicos das lavouras, registram informações de pluviometria, umidade do solo, umidade do ar, temperatura e molhamento foliar. “Os sensores são os olhos do produtor junto à lavoura. A partir dessas informações, armazenadas em uma base de dados, os modelos matemáticos fornecem uma pontuação diária, que são as respostas e as recomendações. Tudo fica disponível no Caderno de Campo Digital Demetra, que pode ser acessado diretamente de um aplicativo no smartphone”, explica Frederico Apollo Brito, CEO e um dos fundadores da Elysios Agricultura Inteligente, startup do agro que desenvolve ferramentas de inteligência agrícola. “Trabalhamos para melhorar o desempenho até mesmo nos pequenos detalhes, que podem fazer a diferença. É o que leva à alta performance nas lavouras”, complementa. Os registros das atividades podem ser feitos a qualquer momento, mesmo sem conexão com a internet, e as informações da propriedade são acessadas tanto no celular quanto no computador.
Um bom exemplo do uso da tecnologia na prevenção de doenças ocorre na geografia montanhosa da região da Serra, onde há situações diferenciadas em uma mesma propriedade. “Os talhões voltados para oeste ficam muito mais expostos à luz solar à tarde, do que os talhões de leste, que pegam sol pela manhã. O sensor de molhamento foliar é determinante, ele registra a exposição da planta à luz solar e o sistema vai dizer o momento exato de entrar com a pulverização em cada área. Os parreirais voltados para oeste precisam de até uma e meia aplicação a mais do que os outros”, revela Anselmi. Frederico acrescenta que, “ao realizar a aplicação só onde é necessário, há uma economia significativa. O investimento em uma Estação Meteorológica pode ser pago com o mesmo custo de poucas aplicações, o que vale muito a pena”.
A tecnologia, indicada para todos os agricultores e todas as culturas, também vem sendo utilizada em pomares de maçã na região de Vacaria, nos Campos de Cima da Serra, e de citros no Vale do Caí. Na propriedade de Anselmi, considerada modelo, o projeto-piloto conta com apoio da Sicredi Serrana, que atende a região. Um dos objetivos é tornar essas ferramentas mais acessíveis ao produtor.
A precisão é baseada em critérios e dados concretos, o consultor técnico torna mais fácil a interpretação da Estação de Meteorologia e a tomada de decisão. “Temos que ser precisos, como saber o momento certo de aplicar ou antecipar uma aplicação devido a um período de chuvas que se aproxima. O produtor não pode sofrer risco de perder a produção, é o sustento e ele depende daquilo, não podemos comprometer. Ao ter dados reais do que acontece na propriedade dele, as decisões passam a ser mais certeiras e não acontece mais o chutômetro”, finaliza Anselmi.
Texto: AgroUrbano Comunicação
Foto: divulgação Elysios
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