Refúgio agrícola é uma área de plantio recomendada para agricultores que utilizam sementes com tecnologia Bt, ou seja, que possuem genes da bactéria Bacillus Thuringiensis em suas lavouras. Em outras palavras, a prática consiste em cultivar áreas com plantas não Bt de soja, milho e algodão com o objetivo de evitar o surgimento e a evolução de pragas resistentes aos inseticidas contidos nessa tecnologia. Esse cuidado, simples, é indispensável para o equilíbrio ecológico, como explica a engenheira agrônoma da Jotabasso, Patrícia Migliorini.
Por que fazer
A área de refúgio é a principal estratégia que o produtor tem para evitar a quebra de resistência dos transgênicos, mantendo o equilíbrio ecológico e a produtividade das lavouras.
Essa prática agrícola consiste em cultivar plantas sem a tecnologia Bt, cujo objetivo é assegurar a sobrevivência e a reprodução dos insetos-praga, suscetíveis à toxina inseticida Bt. A função da área de refúgio é aumentar a probabilidade de acasalamento entre uma mariposa suscetível (da área de refúgio) e uma resistente, proveniente da área com a adoção da biotecnologia agrícola Bt. Assim, as lagartas geradas serão suscetíveis e, portanto, controladas pela tecnologia Bt. “Com a adoção da área de refúgio, o agricultor vai estar garantindo a proteção da biotecnologia Bt por longo prazo”, destaca a agrônoma.
Como fazer
Um dos pontos chaves na instalação da área de refúgio é o sincronismo do período de acasalamento entre os indivíduos resistentes e suscetíveis. Assim, a área de refúgio deve ser realizado, plantando sementes da mesma cultura e características da cultivar Bt, para que haja sincronismo no desenvolvimento das plantas, e, consequentemente, dos insetos - praga que ali sobreviverem.
Além disso, a área de refúgio deve receber os mesmos tratos culturais utilizados na cultura Bt. Para garantir que a área de refúgio seja efetiva, não se deve utilizar inseticidas de grande impacto capazes de erradicar os insetos - praga, pois o objetivo dessa área é produzir indivíduos suscetíveis à tecnologia Bt.
A medida é tão importante que, em dezembro de 2018, a Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou a instrução normativa 59 (IN 59), que institui o refúgio estruturado em todo o território nacional como medida fitossanitária. Até então, essa prática era apenas uma recomendação do Mapa para evitar a perda de eficiência das sementes com tecnologias de resistência a insetos.
Qual deve ser o tamanho da área de refúgio?
O tamanho da área refúgio vai depender do tamanho e formato da lavoura de maneira percentual conforme a cultura que está sendo empregada (soja, algodão ou milho) na propriedade rural. Recomenda-se, no caso do milho, a semeadura de 10% da área com plantas não-Bt. Para isso, o agricultor deverá realizar a semeadura da área de refúgio a uma distância máxima de 800 metros da cultura Bt. Para as lavouras de soja, algodão e cana, o percentual da área de refúgio é maior – 20%, mas a distância a ser respeitada é a mesma, ou seja, 800 metros.
Consequências
Os agricultores que não adotarem áreas de refúgio nas lavouras de soja, milho e algodão estarão colocando em risco a eficiência dessa biotecnologia agrícola e a rentabilidade das safras futuras. A agrônoma, que também é doutora em Ciência e Tecnologia de Sementes, lembra que, a seleção de insetos-praga resistentes a tecnologia Bt, irá implicar em aumento no número de aplicações de inseticidas e, consequentemente, maior custo de produção.
INFORMAÇÕES PARA IMPRENSA
Texto: AgroUrbano Hub de Comunicação
Parceria com Canal Rural e Sementes Jotabasso
Fone/Whats: (51) 99165 0244
Foto: Divulgação / SulGesso
Facebook: AgroUrbanoComunicacao
Instagram: @agrourbano_comunicacao