A pecuária, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), responde por 40% do valor global da produção agrícola e pelos meios de subsistência e segurança alimentar de 1,3 bilhão de pessoas. Esses números deverão continuar a crescer graças, em parte, ao aumento do mercado consumidor por causa do incremento demográfico e da renda da população.
Ainda conforme os números da FAO, em 2016, foram produzidas no mundo 317 milhões de toneladas de carne, volume que deverá saltar para 465 milhões de toneladas até 2050. Atingir tais níveis de produção com sustentabilidade e protegendo o meio ambiente é um compromisso de todos que atuam no setor produtivo agrícola.
Nesse sentido, os sistemas de integração lavoura-pecuária (SILP) têm se apresentado como uma das melhores alternativas para reduzir os custos com adubação em pastagem. Os SILPs têm potencial para aumentar a produtividade de grãos e de carne e leite e, ao mesmo tempo, reduzir os riscos de degradação dos recursos naturais.
Esse tem sido o modelo praticado pela Sementes Jotabasso, que voltou a investir na pecuária de corte. Ainda na década de 1980, a empresa atuava na área de gado leiteiro e de corte, quando chegou a contar com cerca de 8 mil cabeças de gado. No entanto, anos mais tarde, com a mudança no perfil da empresa, o foco passou a ser a produção de sementes de soja, milho e sorgo.
Mas, há cerca de 3 anos, após uma profunda avaliação e pesquisas de mercado, a empresa decidiu retomar a atividade pecuária, adotando um sistema que consiste na exploração de atividades agrícolas e pecuárias na mesma área e em épocas diferentes, tendo como objetivo aumentar a eficiência no uso dos recursos naturais, com menor impacto sobre o meio ambiente.
“Nossa área aproveitável pra pecuária de pasto nativo é 2.600 hectares aproximadamente, e, no nosso longo período de veranico, conseguimos manter uma unidade animal por ha, então nossa capacidade é de 1.800 a 3.000 animais nessa área”, explica o técnico em agropecuária e gerente de produção da Jotabasso, Adelir Roque Nicolini.
O técnico da Jotabasso explica que o sistema confere elevada rentabilidade ao negócio com riscos relativamente baixos, além de maior sustentabilidade na agricultura de grãos. “A pecuária ajuda a movimentar esse período onde não tem outra atividade na agricultura, e esse aproveitamento de área ajuda nos custos, pois fazemos a safra da soja, safrinha e ainda a braquiária com os resultados dos bois. Cada vez mais vai sobreviver no mercado quem tem um projeto de integração lavoura pecuária, pois a pecuária tradicional sem recuperação de pasto, está praticamente extinta, e os custos da pecuária subiram muito. Então, grandes pecuaristas estão focados tanto na pecuária quanto na agricultura”, destaca Nicolini.
Jotabasso investirá em rastreabilidade e na ampliação do rebanho
O rebanho da Jotabasso, formado predominantemente por animais da raça Nelore, passa também por um sistema de semiconfinamento, com piquetes que variam de 10 a 25 ha. “Nós destinamos cerca de 1.200 ha de área de soja, e quando colhe a soja entramos com a braquiária para alimentação do rebanho, e que é uma forrageira de fácil eliminação depois. Nesse período a gente chega a trabalhar de 5 a 8 cabeças nessa área, com sistema de recria inclusive”, complementa Nicolini.
Em 2018, o setor de pecuária da empresa deve encerrar o ano com 3.500 cabeças de gado. Mas a partir do ano que vem, a empresa pretende impulsionar ainda mais essa atividade com projeção de atingir 6,5 mil cabeças, e, para 2020, a meta da Jotabasso é contar com um rebanho de 12 mil cabeças.
Atualmente, a pecuária da Jotabasso atende o mercado interno de MT, mas a partir deste mês de novembro, a empresa começa a investir também em sistema de rastreabilidade, visando o mercado externo.
Cerca de 80% da alimentação dos animais vem da fazenda Jotabasso, como os resíduos e grãos de milho e sorgo. “Temos uma quantidade de recria de 4 mil cabeças, e o resto é preciso ir buscar no mercado com peso já pra colocar no programa de integração de 60 dias e depois vai pro semiconfinamento, onde trabalhamos com um prazo e 90 dias para acabamento, numa área de 540 ha”, destaca o gerente de produção.