Em busca de garantias contra eventos climáticos que possam prejudicar a safra de grãos, os agricultores buscam cada vez mais alternativas para a lavoura e o sorgo vem preenchendo essa lacuna, ganhando espaço nas lavouras de todo o país. A produção de sorgo no Brasil está concentrada em sua maior parte na região Centro-Oeste. No entanto, outros estados também se destacam, como Bahia e Rio Grande do Sul.
Por ser uma planta mais tolerante ao estresse hídrico, o sorgo vem sendo plantado em algumas regiões no lugar do milho safrinha. Em um cenário de instabilidade climática, como a vivenciada pelos produtores nos últimos meses, trabalhar com culturas mais rústicas, sem perdas significativas de qualidade nutricional, tem sido fundamental.
Vantagens do sorgo
Essa instabilidade climática vem contribuindo para um maior investimento no plantio desse cereal, além de que seu custo de produção é inferior ao do cultivo do milho e seu valor de mercado pode alcançar 80% o valor do milho. Esses fatores têm motivado a expansão dessa cultura, oferecendo mais opções ao produtor.
Outro fator que está fazendo o sorgo deixar de ser apenas uma cultura alternativa para entrar de vez no planejamento da lavoura são os altos índices de produtividade. O desenvolvimento de novas cultivares e o manejo correto da produção contribuem para os bons resultados.
Sem falar na palhada que fica para a soja, com o sistema de plantio direto que abre um amplo campo para integração do sorgo ao sistema como excelente produtor de palha de alta qualidade, sendo uma excelente cobertura de solo.
Crescimento
A Jotabasso, referência no mercado de sementes, vem diversificando e ampliando os negócios, como explica o diretor-superintendente da Sementes Jotabasso, Airton Francisco de Jesus. “Nosso foco principal é a soja, e o sorgo vem como um negócio relativamente novo, com um potencial de crescimento bastante significativo. Acreditamos que devido ao avanço das tecnologias, a questão da segunda safra é uma realidade a nível de país, com um grau de importância tanto quanto a primeira safra, como um complemento ao milho, e não como concorrente”, destaca o diretor.
Deste modo, o sorgo tem sido uma excelente opção para produção de grãos e forragem em todas as situações em que o déficit hídrico oferecem maiores riscos para outras culturas, considerando inclusive solos de média ou alta fertilidade, mas com bom equilíbrio nutricional.
Para o mercado, o cultivo de sorgo em sucessão a culturas de verão tem contribuído para a oferta sustentável de alimentos de qualidade para alimentação animal e de baixo custo, tanto para pecuaristas como para as indústrias de rações.
Mercado brasileiro
De acordo com o Trader de Commodities da BRF, Lucas Paschoal, a viabilidade econômica para utilização do sorgo em produção de ração animal já é conhecida pela indústria há um bom tempo, inclusive a nível global. No entanto, no Brasil, por muito tempo, o cultivo do sorgo não foi conduzido com o mesmo nível de criticidade que outros grãos, ocasionando em uma grande divergência entre o potencial da cultura e os resultados obtidos no campo; fator que afetou rigorosamente o mercado de sorgo, quase que extinguindo-o em algumas regiões.
“Porém nos últimos anos, vem ocorrendo um movimento muito grande de fomento da cultura por parte de alguns players do mercado, alinhado com o avanço no nível de tecnologia aplicado na produção, atingindo um ótimo ponto de equilíbrio entre a viabilidade econômica do produtor rural e o custo competitivo das indústrias de produção de ração animal. Desse modo, o sorgo vem ganhando cada mais espaço no cenário nacional e se tornando uma cultura extremamente relevante em muitas regiões, surpreendendo positivamente com os resultados obtidos”, destaca Paschoal.