Considerado um dos mais importantes recursos naturais, o solo desempenha papel fundamental na produtividade agrícola. É ele que sustenta as plantas, age como armazenador de água e é um filtro natural de poluentes, além de ser um meio de vida para o homem, onde produzimos alimentos.
Para que possamos continuar produzindo e atendendo as necessidades da geração atual e também das futuras gerações, o dia 5 de dezembro foi estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia Mundial do Solo, com o objetivo de mobilizar ações de preservação em torno do tema.
Boa parte da população ainda não se deu conta de que o solo é essencial para a manutenção da vida; mesmo com tamanha importância, esse recurso natural ainda sofre. O Relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), lançado em 2015, com participação da Embrapa Solos (Rio de Janeiro), revelou que 33% da terra do mundo está degradada. O documento apontou que entre os principais motivos para esta degradação estão a erosão, salinização, contaminação e acidificação.
Como consequência, além do agravamento das enchentes e perda de fertilidade, os solos degradados também captam menos carbono da atmosfera, interferindo nas mudanças climáticas.
Por esses motivos, o manejo adequado e a preservação do solo tornam-se essenciais, já que é um recurso natural não renovável e a exploração desenfreada pode acarretar ainda muitos problemas.
A situação na América Latina também preocupa. De acordo com a Embrapa Solos, cerca de 50% dos solos latinoamericanos estão sofrendo algum tipo de degradação. No Brasil, por exemplo, os principais problemas encontrados são erosão, perda de carbono orgânico e desequilíbrio de nutrientes. Segundo a entidade, o Brasil é o país que mais possui áreas que podem ser incorporadas à agricultura, porém precisa evoluir na adoção de práticas sustentáveis para a produção de alimentos.
Segundo o especialista em solo e diretor técnico da SulGesso, Eduardo Silva e Silva, para que o potencial produtivo de solo seja preservado é necessário a adoção de práticas de manejo que perturbem o mínimo possível os atributos físicos, químicos e biológicos do solo.
“A análise do solo é fundamental. É como se fosse um hemograma do nosso corpo, onde é preciso entender o que falta no solo para recomendar o que é realmente necessário. A precisão da agricultura começa aqui, com a dosagem equilibrada. O solo produtivo é um solo fértil, mas nem todo solo fértil é produtivo”.
Confira cinco dicas do especialista para um solo de qualidade:
- Diagnóstico físico-químico: boa amostragem de solo e posterior análise físico-química do solo em laboratórios confiáveis, para suporte a tomada de decisão de corrigir, manter ou repor nutrientes.
- Correção de perfil de solo: considerar a amostragem de solo em camadas diferentes, no mínimo de 0-20cm e de 20-40cm, visando construir a fertilidade no perfil de solo e maiores patamares de produtividade;
- Rotação de culturas: conserva o solo, incrementa a produtividade das culturas e, quanto ao controle de doenças, evita a proximidade entre os propágulos de patógenos, agentes causais de doenças, presentes nos restos culturais do solo. Considerar a possibilidade de rotação com culturas consorciadas;
- Manutenção da palhada: deve-se realizar o incremento anual de 10t a 13t/ano de palha no solo, com o cuidado de ajustar a relação entre o carbono e o nitrogênio (C/N), para potencializar os efeitos benéficos ao solo, principalmente sobre os componentes físicos e biológicos;
- Matéria orgânica do solo (MOS): o manejo deve otimizar a entrada dos constituintes no sistema como pluviolixiviados, restos culturais e resíduos orgânicos, raízes e exsudatos, organismos do solo (biomassa), substâncias não-húmicas e húmicas. A MOS promove inestimáveis benefícios as propriedades químicas, físicas e biológicas do solo e, dentre esses benefícios, destaca-se: aumento da Capacidade de Troca de Cátions (CTC) de 20 a 70%, ou seja, o solo eleva a sua capacidade de “segurar e liberar” os nutrientes nas camadas de alcance do sistema radicular.